quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Pule, Arya! - Capítulo Seis: Safe House

 

O clima não foi dos melhores entre os três durante os dias de viagem. Arya sabe que a vontade de Aiden é jogar Casey pela janela do carro, só não o faz por causa dela. As alfinetadas entre os dois são constantes. E isso já está tirando Arya do sério.

— Vocês dois... parem com isso! Parece que estou no carro com duas crianças. – Arya explode.

— Seu amigo que implica com qualquer coisa. Já disse que não irei deixá-lo dirigir o carro. Ele não sabe o caminho para a safe house. – Aiden comenta.

— É só você me orientar. – Casey fala.

— Tá! Okay! E se um policial nos parar? Onde está a sua Drive License?

Casey coça a cabeça sem graça.

— E eu sou o sem noção. – Aiden o observa pelo retrovisor.

Arya não tem, depois do argumento de Aiden, como defender seu amigo. Ela se sente imponente e até um pouco decepcionada com Casey, já que ele está se mostrando um cara totalmente diferente do que ela sempre conheceu.

Casey abre a boca provavelmente para retrucar o comentário de Aiden, mas Ayra é muito rápida em sua interrupção.

— Casey, por favor! – Ela utiliza um tom mais alto e firme. Até Aiden a observa com estranhamento. – Vamos tentar nos controlar, okay?

Casey rapidamente fecha sua boca e arregala os olhos. “Talvez eu esteja passando dos limites. ”

Após tal situação, a viagem decorreu com os três conversando apenas o necessário. Cada um resolveu ficar em seu mundo. Cada um com suas preocupações.


— Agora podemos ficar mais tranquilos. – Aiden comenta diminuindo a velocidade ao adentrar em um bairro aparentemente residencial.

— Chegamos? – Arya pergunta enquanto observa as casas com arquiteturas antigas.

— Quase! Estamos a poucos minutos a safe house.

— Já não era sem tempo... – Casey comenta, mas à medida que lembra do esporro de Arya, diminui o tom de sua voz. 

— Não há muitos vizinhos. – Arya comenta.

— Tivemos sorte de encontrar um bairro assim. Isso nos favorece. – Aiden fala com o riso irônico nos lábios.

— Como assim? – Arya sempre curiosa.

— Será melhor você ver com seus próprios olhos do que eu tentar te explicar.

— Novamente sendo um cara misterioso.

Aiden ri do comentário da garota.

Não demora muito para que ele estacione o carro em frente a safe house. Todos saem e logo esticam o corpo. Parecem até que combinaram o mesmo momento.



— Bom... vamos entrar.

— Aiden... – Arya o segura pelo braço. — O que tem nessa casa para você chamá-la de safe house? – Ela olha para o chão.

Aiden para e observa o local em que Arya está olhando e cai na risada. — Você acha que tem bombas no chão? Você anda assistindo muitos filmes de ação.

— Você está com medo, Arya? – Casey ri. — Não é você que confia tanto no Aiden? Agora está com medinho. – O rapaz dá um sorriso irônico para os dois que estão parados na entrada da casa e caminha com passos decididos até a porta.

— Eu só não faço uma maldade com esse garoto, porque ele é seu amigo. Mas saiba que eu já perdi toda a minha paciência. – Aiden comenta em tom baixo, mas muito sério. Respira fundo e caminha logo atrás de Casey.

Arya apenas olha para Aiden completamente sem graça. Ela sabe que errou em não ter sido mais firme da decisão em não deixar Casey acompanha-la nessa jornada. Mas no fundo, o medo do desconhecido tomou conta de sua razão. E tendo o amigo ao seu lado, de uma forma ou de outra, lhe dava forças.

Ela observa os dois rapazes caminharem a sua frente. Fica ainda alguns segundos observando a casa e ainda intrigada. Para ela, essa casa é mais do que normal. Como Aiden poderia considera-la uma safe house? Balança a cabeça com intuito de tirar esse pensamento da mente e começa a caminhar até a porta de entrada.

Com os três em frente a porta, Aiden segura Arya pelo braço e a coloca em frente ao interfone. — Faça as honras!

Arya olha para Aiden e depois aperta o botão.

Alguns segundos passam e ninguém atende o interfone e muito menos a porta é aberta.

— Sua vez, Casey.

O rapaz, então, faz a mesma coisa que Arya e aguarda. Novamente, nada.

Aiden dá um riso e fica em frente ao interfone. Aperta o botão. Rapidamente os três ouvem um singelo barulho de porta sendo destrancada.

— Percebam que a fechadura da porta é falsa. – Ele aponta. — A porta poderá ser aberta apenas por duas situações... por reconhecimento facial, que foi o que aconteceu agora, ou caso Robert libere sua entrada. – Assim que termina sua explicação, Aiden abre a porta. — Podem entrar.

— Robert? Quem é ele? – Arya pergunta.

— Vocês já irão conhecê-lo. – Aiden continua a segurar a porta para que eles entrem.

— Entre logo, Arya? – Casey vai empurrando-a para dentro e rapidamente começa a analisar a casa. — Uhm... bem espaçosa.

— Cuidado com as armadilhas... – Aiden ri olhando para Arya.

— Aiden, poxa, isso não tem graça.

— Okay! Venham... irei mostrar a casa e depois apresentarei Robert a vocês.

O interior da casa é realmente grande. Mas nada de diferente para que Arya e Casey concluísse que era uma safe house.

— O que acharam da casa? – Aiden quebra o silêncio.

— Bem grande para você e Robert, apenas. – Comenta Arya.

— Mas quem disse que disse que só tem nós dois morando aqui? – Aiden comenta caminhando para uma escadaria que dá acesso ao subsolo.

— Aiden... por que você não é mais direto? Facilitaria muito a minha imaginação... – Arya comenta irônica.

Casey, dessa vez, prefere se abster dos comentários.

— Não seja apressada. – Aiden ri e segura a mão de Arya. — Cuidado com os degraus.

A medida em que eles descem são apresentados ao primeiro cômodo. Uma sala de visita. 


Sentado em uma das cadeiras há um homem branco, musculoso, completamente tatuado, limpando uma arma. Arya arregala os olhos.

— Esse é o nome atirador de elite, Bruce.


Aiden mostra mais três quartos, onde há algumas pessoas dormindo em beliches, uma cozinha, onde há mais bebida do que comida e um salão de treinamento. — Essa sala... – Para em frente a uma enorme porta blindada.  

— Vocês não terão acesso. Como os outros membros do grupo não conhecem vocês, eu fui voto vencido. Com o tempo, quem sabe vocês conquistem a confiança de todos... – Aiden olha para Casey alfinetando-o. 

Arya observa Casey e depois Aiden. — Você acha que ficaremos aqui por muito tempo?

— Nós nunca sabemos quando e como nosso inimigo dará as caras. E também não podemos atacar sem um plano. Então não posso lhe dizer com precisão quanto tempo será necessário para resgatar sua mãe.

— Você fala como se tivesse muita experiência em situações como essa. – Arya o observa.

— Tenho experiência em muitas coisas, Arya...

Arya quase engasga com o comentário de Aiden. Isso porque rapidamente vem em sua mente o sonho erótico que teve com ele alguns dias atrás. 

— E aquela iluminação mais adiante?! – Casey se intromete.

— Ali é onde fica o mundo de Robert. – Sem dar maiores explicações, Aiden caminha em direção ao cômodo.

A iluminação fica mais intensa e sons de tiros ficam mais evidentes. Ao entrarem se deparam com uma sala completamente tecnológica, cheias de computadores, monitores, cadeiras gamers. 

Há duas pessoas em pé, no meio da sala, usando óculos de realidade virtual e rindo muito.

— Os pombinhos já brincaram muito, não acham? – Aiden comenta em tom alto.

Rapidamente os dois tiraram os óculos e se postam um do lado do outro, fingindo inocência. 

— Pensei que você fosse demorar mais no tour com os nossos convidados. – A garota rapidamente se aproxima de Aiden, lhe dá um beijo na bochecha e sorri se virando para Arya e Casey. — Prazer, eu sou Lana. – A garota se apresenta.

— Muito prazer! – Arya estende a mão. — Eu sou Arya.

Lana rapidamente aperta a mão de Arya em cumprimento, com um enorme sorriso nos lábios.

— E eu sou Casey. – Observa Lana e por fim tira uma das mãos do bolso e a estende em cumprimento.

Lara, espontânea e extrovertida, também o cumprimenta.

— Esse é Robert, meu namorado! Ele não é lindo? – Ela corre para o lado do rapaz e puxa as bochechas dele.

— Para, Lana! – O rapaz pede completamente sem graça.

— Ahhhh, você fica tão fofo quando está sem graça. – Ela ri.

Aiden finge um pigarro. — Robert, acho melhor cadastrarmos logo as informações faciais e digitais de Arya e Casey. Assim facilitamos tudo, não é mesmo?

— Sim! É melhor estarmos alguns passos à frente do nosso inimigo. – Ele se dirige aos dois. Vocês podem se sentar, por favor.

Arya e Casey se entreolham, e se sentam.

Logo Robert tira do bolso um celular e aponta para a face de Arya. — Não se mexa, por favor. Não irá demorar muito.

Arya, para conseguir ficar imóvel, prende a respiração; o que faz Lana rir.

— Relaxe! – Lana comenta. — Pode respirar tranquilamente, isso não irá influenciar na imagem.

Mesmo ouvindo as palavras de Lana, Arya continua completamente imóvel. Até os olhos, ela não pisca.

— Muito bem, terminamos com você. – Comenta Robert, em tom profissional.

Arya, nesse momento, relaxa o corpo e começa a piscar os olhos quase que freneticamente.

Rapidamente Robert aponta o celular para Casey.

— Hey! Não avisa? – Casey pragueja.

Robert, sem demonstrar nenhuma emoção, continua a apontar o celular para Casey. — Você deveria ter feito como sua amiga. Ela não deu nenhum trabalho. Já você, me fez perder o triplo de tempo. – Comenta assim que termina.

— Como vocês são chatos! – Deixando sua chateação evidente a todos, Casey se levanta e sai da sala sem olhar para ninguém.

— Ele é sempre assim? Temperamental? – Lana pergunta a Arya.

— Uhm... às vezes – Ela dá de ombros. — Robert, peço desculpas por ele.

Antes de Robert falar alguma coisa, Aiden se intromete. — Arya, não assuma a responsabilidade de outra pessoa. Se você sempre passar a mão na cabeça dele, Casey nunca irá crescer.

— Hey, vamos mudar o clima, okay?! – Lana segura a mão de Arya. — Deixe esses dois trabalhando aí, porque é o que mais eles sabem fazer. – Ela ri. — Irei te mostrar o seu quarto. – Enquanto caminha, ela olha para trás e pisca para Robert e dá língua para Aiden.

— Sua pestinha! – Aiden ri.

As duas saem rindo, deixando os dois ali.


— Caramba! Que quarto enorme! – Arya observa empolgada. — Você dormirá aqui também?

Lara ri. — Não! Eu durmo no mesmo quarto que Aiden.

— Âh?! Como assim? – Os olhos de Arya se arregalam. “Lana namora com Robert e tem um caso com Aiden? ”. Arya se sente incomodada com seu próprio pensamento.

— Irei te contar um segredo. – Ela faz uma pausa dramática. — Quer dizer, não é segredo, todos aqui sabem... Aiden é meu irmão.

Mais aliviada, quase solta um suspiro demonstrando sua felicidade. — Então você é a garota que estava internada no mesmo quarto que meu pai?

— Sim! Pensei até que você fosse me reconhecer.

— Desculpe-me, mas não lembro. Eu estava tão envolvida com a doença do meu pai...

Lana a abraça. — Não tem problema! Vamos ter algum tempo para nos conhecermos e quem saber nos tornarmos grandes amigas. – A garota sorri.

— Não me leve a mal, mas com relação ao tempo, espero que eu não precise ficar tanto tempo aqui. Preciso salvar minha mãe. E voltar com minha antiga vida. 

— Pode contar comigo! Se Aiden dificultar sua vida, pode me falar, que dou um grande puxão de orelha nele.

— Seu irmão é um pouco difícil em alguns momentos. Mas não posso reclamar. Ele tem me ajudado muito. – Ela faz uma pausa. – O que me preocupa são as farpas trocadas entre ele e Casey.

— Arya, posso te fazer uma pergunta meio íntima?

— Uhm... se eu puder te responder...

— Você tem algum lance com Casey?

— Lance?

— Sim... vocês namoram... ficam...?

— Não! – Arya sacode as mãos em negação. — Casey é um irmão. Não o vejo com outros olhos. Mas por que a pergunta?

— E meu irmão? Você o vê com os outros olhos? – Lana pergunta sem tirar os olhos de Arya.

Arya começa a tossir de nervoso. — Na... na... não... – Arya desvia o olhar. — Como posso pensar no seu irmão dessa forma? Nós nem nos conhecemos direito... “A quem quero enganar com essa minha desculpa esfarrapada? ”

— Mas meu irmão gosta muito de você. Desde o primeiro dia em que te viu no hospital. – Lana conta a novidade como se não fosse nada demais.

— Aiden gosta de mim? – Arya pergunta sem acreditar.

— Venha... sente-se aqui... – Vai caminhando até a ponta da cama e depois se senta.

Arya, atônica com o comentário da garota, faz o mesmo.

— Pela sua surpresa, você não percebeu nada durante esses dias de viagem, não é mesmo? Mas eu te entendo. Meu irmão é muito reservado.

— Ele nunca deu a entender nada.

— Olha só... Aiden tem medo que você... – Lana para abruptamente de falar.

— Aiden tem que medo que eu... – Arya estimula que a garota continue o que começou.

Lana dá um suspiro. — Ele vai me matar por eu estar contando isso a você... mas... – Ela olha para Arya. — Eu e minha boca grande... – Ela dá um tapa, de brincadeira, na própria boca. — Aiden tem medo de que você o odeie quando descobrir o que seu pai fez por nós.

— E o que meu pai fez por vocês?  

— Eu, hoje, só enxergo por causa de seu pai. Ele, mesmo debilitado, fez todos os exames de compatibilidade e assinou todos os documentos autorizando o transplante de córnea. 

Arya não imaginava o que seu pai havia feito. Sabia o quanto ele era um homem bom. Mas ninguém nunca comentou esse feito dele.

— Mas, o que mais chocou Aiden, foi descobrir, um dia depois de minha alta, que seu pai havia colocada um pequeno envelope com um pouco de dinheiro no bolso do sobretudo do meu irmão. E quando ele foi devolver, descobriu que seu pai havia falecido.

— Peraí! Quer dizer que a cirurgia foi feita quando meu pai ainda estava vivo? Ele autorizou que fizesse enquanto ele estava vivo?

— Era o desejo dele que fosse assim... mas no dia da cirurgia ele entrou em coma. Eu tentei falar com Aiden para desistir. Não queríamos dar mais sofrimento para você e sua mãe. Mas ele ficou com medo... se eu não fizesse logo o transplante, ficaria cega e seria irreversível.

Ayra fica quieta como se estivesse processando as informações.

— Ele estava lá quando você recebeu a notícia. E posso falar com toda a sinceridade que ele ficou bastante abalado. Da forma que ele me contou, eu percebi o quanto ele queira te abraçar e te proteger de tudo aquilo. Mas infelizmente, ele não teve coragem.

— Você comentou que meu pai deu dinheiro para vocês.

— Sim... Aiden havia gastou todo seu dinheiro com o meu tratamento e tinha acabado de perder o emprego. Seu pai ofereceu nos ajudar várias vezes. Mas Aiden nunca aceitou, pois sabia que a situações de vocês também não era das melhores. – Lana observa o semblante de Arya. — Quando Aiden pegou o sobretudo para lavar, lá estava o envelope. Mas como te contei, ele não pode devolver. Ficou perambulando, tomando coragem em ir até você, mas não conseguiu. Voltando para o quarto que tínhamos alugado antes dele perder o emprego, parou em frente a uma casa de apostas. E sem pensar duas vezes, apostou o dinheiro que seu pai havia dado. Parece que seu pai estava abençoando esse dinheiro, pois Aiden ganhou muito com a aposta. Com esse dinheiro, ele conseguiu comprar essa casa e torná-la uma safe house.

— Mas por que torná-la uma safe house?

— Arya, infelizmente sobre isso, quem deverá te explicar é meu irmão. Mas você conseguiu perceber que ele realmente gosta de você? Ele só não sabe como expor isso. E tem medo de que você o odeie por todas as decisões que tomou.

— Agradeço por ter me contato tudo. Acho que se fosse esperar por Aiden, eu nunca saberia.

— Isso não é verdade. Conheço meu irmão. Ele provavelmente estava tentando entender seus pensamentos e atitudes. Saber onde está pisando.

Arya abre a boca para falar algo, mas a voz de Aiden na porta ecoa pelo quarto. — O clube da Luluzinha tem espaço para um Bolinha? – Ele ri.

— Lana, você poderia me deixar a sós com seu irmão?

Aiden olha para as duas sem entender. Lana olha para a garota, suspira, se levanta da cama e caminha até o irmão. — Desculpe-me maninho... falei com a melhor das intenções. – Dá um tapinha no ombro dele e sai do quarto.

Arya também se levanta da cama e se aproxima de Aiden. — Será que você poderia me contar o que já deveria ter me contato sobre meu pai?

Aiden passa a mão pela parte de trás do pescoço e dá alguns passos se afastando de Arya. — O que Lana te contou?

— DROGA, AIDEN! – Nervosa, ela faz um coque mau feito no cabelo. — Não interessa o que Lana me disse. Eu quero ouvir a história da sua boca. Será que você pode fazer isso por mim?

Ele começa a caminhar pelo quarto e não faz contato visual com Arya. — Minha irmã foi diagnosticada com DMRI. Doença degenerativa macular relacionada a idade. Essa doença surge principalmente nas pessoas acima de 60 anos, mas parece que Lana foi premiada. – Ele ri ironicamente. — Tivemos que mudar nossos hábitos alimentares para amenizar os sintomas, para depois ela poder fazer a cirurgia a lazer. Não me incomodei em trabalhar os três turnos para conseguirmos dinheiro para essa cirurgia. O que me deixava triste era não ter tempo para ela. Mas eu sabia que tudo daria certo. Infelizmente não deu. Quando ela foi fazer a revisão da cirurgia, descobrimos que a doença havia evoluído para um câncer. Daí começou toda a nossa peregrinação. Dias no hospital, radioterapia, quimioterapia. Em meio a isso tudo, acabei sendo demitido da empresa de segurança que eu trabalhava. – Pela primeira vez  ele para e olha para Arya. — Quando o médico nos disse que se surgisse córneas compatíveis, ele poderia fazer a cirurgia e ela não perderia a visão, ou talvez a vida. Ele nos deu essa notícia no mesmo dia em que perdi o emprego. Então imagine a minha felicidade. Só que ele também deu um prazo para que a cirurgia acontecesse. Então tive que correr contra o tempo. Em uma de nossas conversar, seu pai se prontificou para fazer a doação, caso ele fosse compatível. Juro que eu não queria aceitar... – Ele sem tirar os olhos de Arya, acaricia a face dela. — Mas a vida de minha irmã estava em jogo. Então deixei que ele fizesse todos os exames. Quando soubemos que ele era compatível, o sorriso que ele nos deu, mostrou o quanto ele estava feliz em nos ajudar. Mas Lana não queria fazer a cirurgia. Ela dizia que não era justo tirar a visão dele. – Ele desce a mão até o pescoço de Arya, mas logo se afasta novamente. — Eu não sabia o que fazer. Vocês estavam sofrendo e minha irmã também. Só que o sangue falou mais alto e resolvi marcar a cirurgia. No dia marcado seu pai entrou em coma. Isso me deixou em um turbilhão de sentimentos... os médicos diziam que ele não voltaria do coma... que a cirurgia poderia ser feita tranquilamente... eu estava feliz e arrasado ao mesmo tempo. Minha irmã seria curada, mas seu pai estava em coma e poderia não retornar. E se retornasse, estaria cego. – Ele, depois de caminhar várias vezes pelo quarto, senta-se na cama. — A cirurgia foi um sucesso e Lana teve alta dois dias depois. Para minha surpresa, seu pai acabou colocando dinheiro no meu bolso sem eu perceber. E quando fui ao hospital devolver, ou melhor, entregar a você ou sua mãe, já era tarde demais. Vi a forma que você e sua mãe estavam no hospital e entendi que ele havia falecido. Como me aproximar de você no momento de dor? Como lhe contar tudo isso? O que você poderia pensar? – Ele abaixa a face olhando para o chão.

Arya se aproxima da cama, se agacha e fica frente a Aiden. — Você acha que eu te odeio por isso?

Ele levanta a face e a observa. — Deveria.

— Mas eu não te odeio.

— Repete?! – Ele a encara com um brilho no olhar.

— Eu não te ode...

Antes que Arya conseguisse terminar sua frase, Aiden a beija, pegando a garota desprevenida. Ele se surpreende por Arya não lhe deferir uma bofetada ou lhe afastar. Pelo contrário. Ela retribui. Aiden segura o pescoço de Arya, vai levantando da cama, fazendo, assim, que ela também saia da posição em que está, mas continua com o beijo. Dessa vez o toque dos lábios de ambos demonstrava ânsia... desejo. A língua de Aiden invade a boca de Arya com movimentos ousados. 

Não demora, as línguas se movem completamente sincronizadas, levando Aiden a dar um sorrisinho. Ele leva as mãos até a cintura da garota e sussurra ao ouvido dela. — Ainda há chance de desistir...

A garota, com a respiração um pouco acelerada, olha para ele. — Por quê?

— Talvez eu não seja quem você acha que eu realmente seja.

— Como assim?

— Talvez eu seja um criminoso... — Ele a observa com um risinho nos lábios. — Ter inventado toda essa história para você... enfim... talvez eu seja a pior pessoa que você tenha conhecido.

— Que tipos de crimes você cometeu? – Arya pergunta sem parar de fazer contato visual. — E por que você mentiria para mim? O que você quer de mim?

— Só poderei dizer se você não voltar atrás.

Talvez fosse errado ela se entregar a uma paixão a sem nem ao menos conhece-lo. Mas também seria errado se arrepender de não ter dado uma chance à toda essa loucura. “Não tenho como reagir ao cheio másculo que Aiden exala.  Essa boca... esse corpo... essa voz.” Esse é o momento de agir. Arya, então, encara os olhos de Aiden e se aproxima mais dele, quase colando sua testa a dele. Toca a face dele e passa a ponta do seu dedo indicador sobre o lábio inferior dele.

 E isso o faz dá um sorriso sacana. Em resposta, a face de Arya fica rubra, tirando toda a coragem que havia unido para iniciar o beijo. Sem dizer nada, Aiden a envolve em um beijo nada tímido. Um beijo ardente, molhado e um pouco possessivo. 





Continua...

2 comentários:

  1. Você tá de sacanagem comigo? Cadê a continuação? Esperando ansiosa pelo próximo capítulo!

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    1. Amiga, o próximo capítulo está babadeiro rsrsrs HOT HOT HOT rsrsrs

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