Arya dá uma pequena
mordida no sanduíche. Estar no mesmo ambiente e tão perto de Aiden não está
ajudando seus pensamentos. O ar condicionado do carro está ligado, mas o calor
que Aiden emana é muito maior. Suas bochechas a cada mordida se tornam mais
rubras. É como se ela imaginasse que o estivesse mordendo. Tem medo de abrir a
boca, e denunciar seus pensamentos.
— E então... para onde
estamos indo? – Casey quebra o silêncio com sua pergunta.
— Vocês saberão quando
chegarmos. – Aiden responde completamente evasivo.
— Cara, por que essa
desconfiança?
Aiden olha para Casey
pelo retrovisor interno do carro. — Simplesmente porque eu não confio em você.
— Não seria “em vocês”?
– Casey pergunta irônico fazendo as aspas com os dedos.
— Não. — Aiden faz uma
pausa. — Arya não seria burra em colocar a vida da mãe em risco. Então nela, eu
confio.
Com os olhos
semicerrados Casey desiste do papo e fica a observar a estrada pela janela. “Esse cara está começando a me tirar do
sério!”
Aiden dá um sorrisinho
de vitória vendo que Casey se cala. “Não
ouse querer brincar comigo. Sei muito bem como te colocar no seu devido
lugar.”
— Aiden, você não
precisa se preocupar. Casey é meu melhor amigo. Ele não fará nada para me prejudicar.
Eu confio nele. Então você também deveria confiar. – Arya tenta ajudar a
melhorar o clima, que está um pouco pesado.
— Vamos ver... — Ele
aperta as mãos contra o volante por não gostar dessa defesa ao Casey. “Que merda de sentimento é esse?!”
— Acorde. – Aiden
sacode um pouco bruscamente o ombro de Arya.
Ela, incialmente,
aperta os olhos e depois vai abrindo-os vagarosamente. — Chegamos?
— No primeiro ponto
sim. — Ele responde. — Já que acordou, limpe a baba. Quase alaga todo o carro.
— Ele comenta escondendo o riso e sai do carro.
— AHHHH, AIDEN EU TE
ODEIO! — Ela solta sua raiva gritando com toda a força de seus pulmões. — Que
cara mais atrevido! — Perde até a vontade de se espreguiçar. Coisa que sempre
faz quando acorda. Sai do carro batendo a porta com força e bufando de raiva.
— Foi mordida por algum
bicho? – Casey se aproxima e lhe entrega um copo de café do Starbucks.
— Expresso ou
Americano?
— Você ainda pergunta?
— Ele finge que irá jogar o copo nela. — Você acha que eu iria errar? Boba! –
Ele ri.
Ela também ri e pega o
copo. Dá um gole generoso. — Estava sentindo falta disso. Café é tudo de bom.
— Agradeça ao bom
samaritano ali. — Casey comenta em um tom não muito agradável e aponta para
Aiden.
— Você pediu ou ele
ofereceu? – Ela pergunta curiosa
— E isso faz diferença?
– Casey demonstra um pouco de irritação.
— Precisa me responder
assim? Caramba... eu te fiz o quê?
Ele passa as mãos pelos
cabelos. — Desculpa... eu só estou cansado de andar no escuro.
— Sei bem como você se sente.
Mas não podemos forçá-lo abrir a boca. As coisas podem piorar. Ele é como um
barril de pólvora. Temos que mostrar que somos confiáveis.
— Arya, você não
entende! Ele nunca irá confiar em mim.
— Deixa de bobagem,
Casey. Você é muito cismado.
Casey abre a boca para
comentar algo, mas é surpreendido por um barulho estrondoso: uma grande porta
de metal sendo aberta. — Putz! Que susto!
Um homem alto e
musculoso sai e observa a movimentação. — Esse carro é de vocês? – Ele encara
Arya e Casey.
— Por quê? – Casey
também o encara.
— É sim... — Ela não o
encara. — Iremos tirá-lo da sua porta. — Ela puxa Casey — Vamos chamar nosso
amigo. É ele quem está com a chave do carro.
Os dois caminham
apressados na direção que Aiden havia ido.
— Você é maluco? Querendo
procurar briga com o cara...
— Não procurei briga
com ninguém. — Casey para e olha para Arya. — Ele nos encarou primeiro. E eu já
estou farto de ser intimidado.
— Casey, que é! Se
acalma! Ninguém está te intimidando.
— Agora você vai ser a
advogada do diabo, é? — Ele parece meio transtornado com tudo.
— Olha só... eu irei
entender perfeitamente se você quiser voltar para casa. Você está se esforçando
para mudar sua vida por minha causa. E isso não é justo.
— Será que é tão
difícil assim entender que aonde você estiver, eu também estarei?
Arya fica em silêncio.
Sabe muito bem sobre os sentimentos do amigo, mas não pode corresponder. Para
ela, Casey é um irmão mais velho.
— Vamos procurar
Aiden... – Ela desconversa.
Casey bufa, deixando
aparente toda a sua frustração, mas a contragosto, a segue.
Não precisam caminhar
muito para encontrar Aiden encostado em um muro, fumando.
— Não queremos
atrapalhar seu momento de diversão, queremos apenas a chave do carro. Tem um
ogro querendo que tiremos o carro de lá. – Casey fala segurando ainda seu copo
de café.
Aiden levanta uma das
sobrancelhas e esboça um sorriso irônico. — Um ogro?
— É... um cara gigante
e mal encarado.
Arya dá um beliscão
forte no braço do amigo. — Casey, larga de antipatia com as pessoas. Coisa
feia.
— Hey! – Ele acaba por
largar o copo de café no chão por conta do beliscão.
— Bem feito!
Aiden, alheio aos dois,
joga o cigarro no chão, pisa apagando-o e caminha com as mãos nos bolsos. Até
onde o carro está estacionado.
— É por conta desse seu
jeito que Aiden não confia em você. – Arya sussurra para o amigo e caminha logo
atrás de Aiden.
Casey prefere ficar
calado. Observa o café derramado no chão. Chuta o copo longe e depois de um
suspiro resolve retornar até o carro. Ele percebe, assim que retorna, Aiden
abraçando forte o cara da garagem. Ele os observa sem entender nada.
— Jake, essa é Arya. –
Aiden a apresenta assim que sai do abraço.
— Prazer, senhorita
Arya. – Jake a cumprimenta educadamente.
— O prazer é meu, Jake.
— Ela retribui o cumprimento. — E aquele ser emburrado ali... — Ela aponta para
Casey. — É meu amigo, Casey.
Jake imita o
cumprimento militar com a mão direita. Casey apenas levanta timidamente a mão
direita em resposta.
— A sua encomenda já
está lá dentro. – Comenta Jake.
— Maravilha! – Aiden
sorri. — Vamos entrar para nos organizarmos e identificar a melhor rota. – Ele
pousa a mão esquerda nas costas de Arya e a conduz para dentro da casa.
Jake espera Casey
também entrar para fechar a barulhenta porta de metal. — O lugar não é grande,
mas dá para o gasto. – Ele ri inibido.
— Larga de besteira. Só
precisamos de um lugar para tomar um banho e descansar por algumas horas. –
Responde Aiden.
— Banho?! Graças a Deus!
– A garota comenta sorrindo.
— Não sei se a roupa
que consegui para você será do seu agrado. – Jake a observa.
— Não se preocupe! Eu
não sou exigente.
— Se você quiser, já
pode tomar seu banho. Jake e eu temos algumas coisas para resolver.
— Vocês não irão
precisa de minha ajuda? “Talvez eu
consiga descobrir alguma coisa.”
— Não se preocupe.
Tente descansar. – Aiden esboça um sorriso para ela.
Arya é pega desprevenida com o sorriso. Ela sente seu corpo todo tremer em reação a esse gesto. “Se acalme, Arya. É apenas um sorriso.” Ela, então, segue para o banheiro.
Arya é pega desprevenida com o sorriso. Ela sente seu corpo todo tremer em reação a esse gesto. “Se acalme, Arya. É apenas um sorriso.” Ela, então, segue para o banheiro.
— E quanto a mim? –
Questiona Casey.
— Uhm... — Aiden o
observa por alguns segundos. — Já temos dois ogros que dão conta de tudo. Você
pode ficar vendo TV... talvez algum programa para criança. – Aiden comenta
rindo.
Casey, sem pensar, e
revoltado pelo comentário, parte para cima de Aiden já com o punho fechado. —
Você vai ver quem é a criança.
Aiden, mesmo sem
esperar pelo ataque do rapaz, consegue se esquivar. — Garoto, você ainda tem
muito o que aprender. Espero que no futuro, pense bem antes de agir. Você pode
causar sua própria morte... ou a morte de alguém... — Ele dá o conselho olhando
seriamente para Casey. — Vamos, Jake.
Os dois saem da pequena
sala, deixando Casey sozinho.
Casey se senta no sofá.
Fica perdido em seus pensamentos. “Aiden,
você não perde por esperar! Você, em algum momento, irá baixar a guarda...”
Ainda sonolenta, Arya tenta
correr até o banheiro. Seu estômago está embrulhado. Abre a porta rapidamente.
Vai até o vaso sanitário e vomita. Ajoelha-se ao chão, sentindo seu corpo um
pouco fraco.
A cena não demora
muito, mas para a plateia que assiste à situação, parece que o tempo não passa.
Arya pode ouvir um
pigarro bem próximo a ela. Ao se virar, vê Aiden dentro da banheira.
Seus
olhares se cruzam.
Ela balbucia alguma coisa inaudível. Envergonhada se levanta
do chão e sai do banheiro tropeçando e se batendo da porta.
— Hey... – Aiden sai da
banheira puxando rapidamente a toalha, se enrola e vai atrás da garota. Mas ao
sair do banheiro, só escuta a batida da porta do quarto onde ela estava
dormindo. — Droga! – Desiste de tentar resolver a situação e volta ao banheiro
para se vestir. “O que essa garota deve
estar imaginando?!”
Aiden não consegue
dormir depois da situação no banheiro.
Não para de pensar no que Arya poderia
estar pensando. Seus pensamentos são interrompidos pelo comentário de Jake.
— Acho melhor
acordá-los. Os pães são mais saborosos quentes. – Jake sorri.
— Deixe-os dormir mais
um... – Aiden não consegue terminar sua fala, pois ouve a porta do quarto, onde
Arya e Casey estavam dormindo, se abrir.
— Bom dia! O cheiro do
pão me acordou. Estou faminto. – Casey sorri se aproximando da mesa na cozinha.
Arya também se
aproxima, mas não está tão animada quanto Casey. Ela não faz contato visual com
Jake e muito menos com Aiden.
— Bom dia, Arya! – Jake
a cumprimenta.
— Bom... bom dia...
Jake. – Ela responde timidamente e sem fazer contato visual.
— Podem se servir. –
Ele informa.
— Opa! Não precisa
falar duas vezes. – Casey se aproxima da mesa e começa a montar um sanduíche.
— Seu estômago está
melhor? – Aiden pergunta despretensiosamente para Arya.
— Uhum... – Ela quase
que cola ao lado de Casey como se quisesse fugir do contato com Aiden. “Por que ele tinha que perguntar isso na
frente de todo mundo? Daqui a pouco Casey irá querer saber como Aiden ficou
sabendo sobre minha dor de estomago. ”
Aiden percebe que a
garota não quer muito papo então a deixa quieta. Espera que os dois preparem o
que comer, e por último, faz o seu sanduíche.
Os quatro tomam o café
da manhã em silêncio. Provavelmente por conhecerem a mania de Aiden de nunca
conversar enquanto estivesse ceando.
Aiden é o primeiro a se
levantar, lavando a louça que usou e se afastando dos três.
— Ele está muito mais
calado do que o normal. — Pontua Casey. — Aconteceu algo de errado com o plano
de vocês. – Ele olha para Jake.
— Não aconteceu nada.
Está tudo na mais perfeita ordem. Mas acostumem-se ... Aiden é assim mesmo...
um quebra-cabeça. Mas quando conseguem juntar todas as peças, percebe sua
essência. Ele é um amigo valoroso.
— Acho difícil
conseguir isso. Para mim ele sempre será um pé no saco. – Casey comenta
sincero.
Jake dá um suspiro em
discordância ao comentário de rapaz. E Arya demonstra estar no mundo da lua.
— Psiu! Arya?! – Casey
estala os dedos próximo do rosto dela.
— Oi! O que foi?! – Ela
responde quase engasgando com o último pedaço do sanduíche.
— Sua passagem a Marte
deve ter sido de primeira classe, hein? — Jake ri. — Você estava completamente
alheia a nossa conversa.
— Ah... me desculpa.
— Relaxe. – Jake se
levanta, recolhe a louça que está sob a mesa e a coloca dentro da pia.
Arya também se levanta
e leva sua louça a pia. – Jake, pode deixar que eu lavo tudo.
— Nada isso! Já estou
acostumado.
— Sério... pode deixar
isso comigo. Essa é a pequena forma que posso demonstrar o quanto estou grata
por sua hospitalidade.
— Uhm... tudo bem
então. Irei ver se Aiden precisa de mais alguma coisa.
Ela dá um sorriso
amigável para ele. Assim que Jake sai da cozinha ela se vira para Casey. –
Acaba logo com isso. Você demora muito para comer.
— Calma, já estou
terminando.
Enquanto ela espera o
amigo terminar o café da manhã, começa a lavar a louça.
— Obrigado, Jake, por
tudo! — Aiden agradece ao amigo.
— Caraca! Outro carro? —
Casey se aproxima do novo carro e o analisa. — Ótima máquina.
— Para que isso? O
outro estava com algum defeito? – Arya pergunta.
Jake olha para Aiden e
ri.
— Tenho que te lembrar
que estamos fugindo. — Aiden comenta. — Toda segurança é pouca. — Aiden, por
fim, se despede do amigo lhe dando um forte abraço.
— Se cuida! – Pede
Jake.
— Sempre! – Aiden sorri
entrando no carro.
Arya e Casey acenam
para Jake e também entram no carro. Com todos acomodados, Jake abre a enorme e
barulhenta porta de metal. Aiden acelera e sai com o carro em macha ré.
Ainda é muito cedo. A
rua está deserta. Aiden dá duas buzinadas em forma de agradecimento e segue o
novo caminho trilhado. Como ele percebe que Arya continua calada, sintoniza o
rádio do carro e logo uma música ecoa em todo o carro. Por causa da música,
Arya se encolhe mais no banco do carro e olha para o cenário lá fora.
Tema do rádio
“Eu pulo para fora? Ou pulo para dentro?” Os pensamentos de Arya
estão muito mais dubitáveis depois de observar Aiden de canto de olho, e
perceber um breve riso safado. “O que ele
está pensando?”
Eita lasqueira no final da feira! Se minhas unhas acabarem a culpa é sua, Fernanda! Já quero o próximo capítulo.
ResponderExcluirVocê ainda tem unha? kkkkkk
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